domingo, 1 de julho de 2012


Olá, vovô.
(Destinatário: Fernando Nogueira Moraes. Endereço: Em algum lugar que a gente possa se encontrar depois.)

Vô, quando o senhor estava vivo, eu nunca te dei a atenção que você merecia.Eu quase nunca ia falar com você. Hoje minha mãe me conta histórias suas, e depois, quando ela não esta vendo, eu choro. O senhor sabe das coisas que acontecem aqui em casa, porque eu já contei pro senhor. Estou tentando resolver, e espero que você esteja orgulhoso. Não mudou muita coisa em mim. Só o meu endereço e a cor do meu cabelo. Todo mundo diz que eu estou enorme, e mais moça, mas eu não acho que mudei tanto.A Belinha continua fazendo bagunça. Ah, eu ganhei uma cadelinha, Hermione, ela é muito fofa, você teria gostado dela.Eu sinto tua falta, sinto absurdamente tua falta. É difícil pensar que eu não te tenho mais, que tu não tá ali, na minha casa. A nossa casa, sim a nossa casa, porque pra mim, o meu lar é a casa da vovó, não tem mais as marcas da tua presença, todas foram eliminadas, talvez assim tenha sido mais fácil.Minha mãe e minha avó não aguentam mais de saudade. Nem eu. Mas e as marcas que estão dentro de mim? Evidências que não consigo limpar, feridas que não consigo sarar. O que me resta é a incerteza de um futuro, se em uma pós-vida estaremos juntos ou não. É vô, não tem sido fácil aqui. Mas tudo bem. Vou lutando pra melhorar. Ah, e algo que não mudou, foi o que eu sinto por ti. Saudades homéricas, e um amor imenso. Eterno. O maior amor que eu fui capaz de sentir.
Da sua neta, da sua filha
Lorena

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