sábado, 21 de julho de 2012




Era noite de lua-cheia, e a lua estava belíssima, de um tom amarelo assustador. A noite no desfiladeiro  
que antigamente, era um refúgio meu, lembrava bem um livro de Sadie. Estava passeando pela solidão do bosque obscuro que fica embaixo do desfiladeiro, colhendo informações com algumas corujas e recebendo a visita de alguns feiticeiros que vêm sempre aqui buscar ervas medicinais para seus feitiços, poções e remédios. De repente sentí uma leve pontada em meu ombro direito. A primeiro pensei que era alguma fruta derrubada por algum morcego, ou alguma pedra que tinha despencado do desfiladeiro. Mas para meu espanto eu tinha sido acertado por uma flecha, que além de me ferir também ardia, como se estivesse viva. Olhei ao redor, mas não percebia a presença de ninguém. Com a flecha na mão, me perguntei: "Como alguém poderia arremessar uma flecha assim de tão longe? Que arqueiro teria tamanha força para uma façanha dessas?"


Arranquei a flecha do ombro, e enquanto o ferimento cicatrizava, vi que nela estava enrolado um pergaminho manuscrito. E esse manuscrito exalava um odor que eu conhecia muito bem. O papel exalava o cheiro da alma humana. Mas essa alma tinha um cheiro diferente. Almas dos mortos tem um odor que incomoda um pouco as narinas, e essa não incomodava. "Quem teria tamanho poder para lançar fragmentos de alma manuscritos?" Pensei. Dei uma farejada no papel, ergui o nariz para saber de onde tinha vindo aquela flecha. Ao sul de onde eu estava, com a ajuda do vento, consegui farejar a alma do arqueiro e fui ao seu encontro. Atravessei o bosque sempre no sentido sul e o cheiro ia ficando cada vez mais forte. O tempo estava fechando e eu estava ficando preocupada, pois Sadie e Brysa poderiam ser atacadas por lobisomens. Mas o cheiro da alma do arqueiro estava mais e mais forte. Sinal de que eu estava cada vez mais perto de onde havia sido arremessada a flecha. Só que eu já havia percorrido uns sessenta quilômetros ao sul do desfiladeiro e avistei uma pequena cabana com uma luz acesa e a chaminé saindo fumaça. O cheiro da flecha apontava para lá: estava perto de encontrar o arqueiro dono de tamanho poder.

A chuva começava a cair, quando me aproximei da cabana. Em todos os lugares estava o cheiro do dono da flecha. A cabana estava fechada, mas o cheiro do arqueiro era forte demais. De repente, ouvi a música da natureza anunciando que a noite ia ser tempestuosa.

A chuva começou a descer com raiva agora. Já estava indo embora. Quando dei meia-volta, senti uma flecha atravessando meu peito. Olhei ao redor e foi então que a vi a uns quinze metros de distância da cabana: pele branca, cabelos soltos,dourados, olhos vivos e estava com um capuz na cabeça. Para meu espanto, não era um arqueiro e sim uma arqueira, a dona da flecha. Não acreditei no que via, pois geralmente arqueiros pertencem a alguma ordem e nunca estão sozinhos. Mas uma arqueira sozinha no meio de uma floresta é de se estranhar. Ela estava em posição de ataque com seu arco e flecha, aproximava-se com calma, e não tinha ares de quem ia recuar. 

De repente ela começa a irradiar uma luz azulada que vai passando para o arco e chegando até a ponta de sua flecha. A arqueira não tinha medo de mim, e o meu olhar mais ameaçador não a assustava. "Se ela arremessou uma flecha de tão longe e me acertou, dessa distância ela pode me atravessar com esses dardos." Pensei. Estávamos em um silêncio profundo enquanto a chuva caía torrencialmente, quando ela quebra o gelo:

- O que faz aqui rodeando minha cabana, caçadora?

- Fui acertado por uma de suas flechas e estou admirada, pois pelo que me disseram, a ordem dos arqueiros da alma havia sido extinta.

- Interessante... Além de ser uma caçadora, tem alguma paciência com arqueiras. Já se vê que é de uma tribo diferente das caçadoras de Ártemis.

- Sou uma caçadora que foi exilada antes da chegada do Lord das Travas. Sou uma das ultimas caçadoras. - meus lábios tremelicaram ao me lembrar de minha irmã.

- As caçadoras de Ártemis, aquelas que tem a alma prateada, exímias guerreiras e tão castas como a lua?

- Sim, com exeção desse último item.

- E o que faz aqui? Você não veio de tão longe só para me encontrar! Conheço bem essa região e sei que o desfiladeiro mais alto que existe fica a quase cem quilômetros daqui.

- Eu li o texto que escreveu no pergaminho e ele me estremeceu, pois nunca palavras foram tão vivas. Percebi que palavras assim só poderiam ter vindo de uma unica pessoa: um arqueiro da alma. Vim até você por curiosidade, pois nunca mais tinha ouvido falar dessa ordem.

- Coincidência. Eu também nunca mais ouvi falar nas caçadoras, pois elas foram extintas pelas outras tribos , por serem consideradas extremamente perigosas. É verdade?

- Nos consideraram perigosas porque podíamos nos transformar, e matar eles com facilidade tanto na forma humana, quanto na animal. E também por mexermos com leituras, feitiços e poções

- Conheço a história de vocês. Eram uma legião, ou quase uma sociedade, que vivia sempre em lugares altos, pois podiam observar melhor as aldeias, florestas e reinos. Mas mesmo sendo intelectuais, sua natureza de animais também falam bem alto. Sei o quanto podem ser perigosas.

- Pelo jeito a sua ordem guardou muitos manuscritos ao nosso respeito. Vamos fazer uma trégua, pois preciso fazer-lhe uma proposta que você não vai recusar. Mas antes me diga... Qual o seu nome?

- Zoe Nightshade, aquela que tem a alma na boca... E você? Por acaso tem um nome também?

- Meu nome é Zia Knightwalker, aquela que caminha pela noite.

- Nome interessante para uma caçadora.

- A tribo das caçadoras é de origem Grega. Mas devido aos ataques das tribos luperinas, tivemos que nos espalhar pelo mundo. Hoje somos umas poucos, e estamos quase extintas.

-Tenho apenas uma curiosidade.

-Diga-me.

-Qual sua metamorfose?

-Uma loba branca.
Nisso ela baixa a guarda e eu mostro um olhar mais perto de um olhar humano possível. Ela me convida para entrar em sua cabana, e conversamos até quando a chuva passasse e o dia amanhecesse. Eu a convenci a fazer parte do exército que estava formando contra o Apocalipse que estava por vir, e ela me mostrou alguns pergaminhos que escrevia suas mensagens e as atirava aos quatro ventos. Agora além de uma feiticeira e uma vampira, temos também uma arqueira, que vai expor seus textos e mostrar porque a ordem dos arqueiros da alma ostenta esse título nobre.

Humm... uma caçadora, uma vampira, uma feiticeira e uma arqueira. Estou começando a ficar otimista.



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Pessoal! Me deu um lapso de imaginação e eu escrevi esse texto. devo escrever uma história em volta dele?
Queria muito a opnião de vocês.
Beijos.
Ah eu criei uma assinatura nova:




Um comentário:

  1. Uau! Que vocabulário! Zia, você tem tudo pra ser escritora, sério! Você tem criatividade, originalidade, personalidade... Eu gostei do seu texto, parabéns. Só não é bem meu estilo, sabe? Mas pra quem gosta, cara! Eu acho que deve continuar a história sim, e se quiser publicá-lo mais tarde, eu te dou apoio viu? Você tem meu e-mail pois eu já te mandei um, não sei se você leu.
    XOXOXOX
    Fuuuuu...
    Ah, e você continuar a história, boa sorte!
    ...uuuuuuuuui!

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